
Pobre Saudade, sem noção de tempo, passam-se séculos e não dá por si!
Bem procurava por aquele de quem fora tão íntima... Aquele que, exceto ela, sabia-se: morrera havia muito tempo. E assim, desinformada, foi batendo de casa em casa, indagando de praça em praça. Ninguém dizia nada. Também... quem haveria de querê-la por perto?
Continuou sua busca, distraída — porque ela, que causa tantas distrações, é a que mais as tem —, e não viu, no topo de um pequeno morro, um paralelepípedo solto.
Tropeçou.
Caiu.
Rolou, rolou e rolou.
A descida alucinada só foi parar lá embaixo, com um impacto: fora, sem querer, ao encontro da casa de quem procurava. Casa vazia, abandonada, muito velha... Fácil, desmoronou-se toda: um forte barulho, mil escombros.
Naquele dia, soterrada, morreu agonizante a Saudade. Uma pena que, dela, outra não tenha renascido — como geralmente acontece com as saudades que falecem — para contar uma história.
Mas, afinal, quem hoje se importaria com essa história?