As luzes do semáforo refletiam-se alternadamente no asfalto molhado... Pareciam apenas se distrair com suas próprias cores, posto que, já havia um bom tempo, nenhum carro passava para que ordenassem parar ou seguir. A moça, da touca de lã amarela, das bochechas vermelhas de frio, dos olhos verdes e vazios, também se distraía; um toldo que pingava ao seu lado é que lhe prendia a atenção.
Uma, duas, três. Quatro gotas. Logo dez. Logo trinta.
Final de tarde, ninguém na rua e aquele céu que ameaçava se derreter em chuva outra vez.
Amarelo, depois vermelho, depois verde... Nenhum carro. Ninguém.
Somou-se ao som das goteiras o dos saltos na calçada. Toc, toc, toc. Frustrada, voltava para a casa.
19 Comentários
Larissa, que texto mais singelo. Gosto de quem consegue exprimir essas sensações diante de tudo e, principalmente, diante da natureza. Simplesmente belo.
ResponderExcluirQue blog encantador! Parabéns pela qualidade de tudo (textos e fotografias).
Boa semana.
Beijinhos.
Muito, muito obrigada, Aline!
ExcluirAbraços! E boa semana para você também 😘
Num noir no ar, corações trotam seu trottoir.
ResponderExcluirGK
Ótimo, Gugu!
ExcluirAbraços!
Não seja tão perfeita, tu perde a graça! Eu gosto de pensar na tua imperfeição que me encanta, como todo o brilho e o sorriso nos teus olhos que tu não mostra. A cor das folhas e o cristal da vida nessas gotículas, pode haver coisas mais humanas que teus versos, imagens e a tua voz que canta?!
ResponderExcluirUma boa semana, abraço no tu coração.
Comentário tão bonito! Muito obrigada, Carlos, mesmo!
ExcluirAbraços e uma ótima semana para você 😊
Belo texto, Larissa!
ResponderExcluirAdoro as tuas descrições e como você nos solta a imaginação. Os detalhes são cativantes.
Beijo grande!
Blog: *** Caos ***
Obrigadíssima, Helena!
ExcluirBeijos e uma semana linda para você 😊😘
Não sei se é um apenas um delírio egocêntrico da minha parte, mas, deste imenso universo de escritores virtuais, a que eu percebo que possui um estilo mais parecido com o meu de escrever é você, Lari. Dizem que escrever é um ato essencialmente egoísta, pois escreve-se o que se quer ler. Talvez seja por isso que gosto tanto de te ler. Além do talento, você me lembra muito minha forma de escrever e dispor as palavras. Eu me vejo escrevendo suas palavras.
ResponderExcluirNão sei se você concorda com isso também, se não, desculpe pela presunção rsrs
Beijos, passe bem.
Vou me permitir concordar porque me senti muitíssimo honrada com a comparação (muito obrigada!). Eu também gosto tanto dos seus escritos, Vitor... E gosto dos paralelos criados com filmes; inclusive, já estive indicando seu blog para uma amiga cinéfila 😉
ExcluirBeijos 😘
Ah muito obrigado pela indicação, Lari :-)
ExcluirEstava pensando em dividirmos um texto, o que acha? A primeira parte sua e a outra minha ou vice-versa rsrs Um pequeno conto, crônica, o que achar melhor.
É uma ideia ótima! Uma hora precisamos fazer isso mesmo 😊
ExcluirPerfeito, Larissa. Me perdi contando as gotas de chuva que caiam do toldo. Envolvido naquele final de tarde podia ser qualquer um. Alguém que se permitisse olhar o reflexo das luzes do semáforo e contar as gotas num fim de tarde chuvoso. Coisas que dificilmente se conta pra alguém. Por isso vira conto, vira poesia, vira foto, filme...
ResponderExcluirAbraços!
É assim mesmo, Dave...
ExcluirMuito obrigada!
Abraços! Boa sexta para você!
Oie, tudo bom?
ResponderExcluirCara, o ambiente desse texto é muito interessante, eu ia adorar ele pq na minha cidade faz um tempão que não chove T.T
Isso me lembra aqueles momentos dentro de ônibus que paramos pra pensar na nossa vida, com a cabeça encostada na janela olhando pro nd e pensando em tudo.
Adorei o texto <3
sessão proibida
Tudo, e você, Lunii?
ExcluirFaz tempo que não chove aqui também 😐 Do jeito que estava o céu, até achei que hoje teríamos um tempo chuvoso, but... fui iludida.
Ótima comparação!
Muito obrigada 😘
Eu gosto dos contos longos, dos enredos com fases bem definidas. Início. Meio. Fim.
ResponderExcluirMas há momentos e divagações aleatórias que não necessitam de desfechos. A chuva, poética por si só. Vem de repente, some sem cerimônia. Porque eu iria querer dezenas de parágrafos se você consegue envolver tanto sentimento, um cenário longo e uma protagonista - quase que ausente - que se aproxima tanto do leitor?
Eu aqui, na sala de casa, com a TV tocando Shakira (porque eu tenho os meus momentos que largo mão do Indie), de moletom até o pescoço e sem muita vontade de fazer o que eu tenho que fazer, parei pra ler os outros comentários - curiosidade de infância que desde o início da faculdade tornou-se desculpa esfarrapada com o "curiosidade de jornalista" -, e vi o do Vitor Costa: "Dizem que escrever é um ato essencialmente egoísta, pois escreve-se o que se quer ler. Talvez seja por isso que gosto tanto de te ler." Como pode alguém sentir tão bem a mesma essência que a gente, né? Aqui, tentando escrever sempre que posso, com amor cada vez maior às palavras, eu ainda me inspiro em você, ainda crio histórias aleatórias com desconhecidos aleatórios, ainda olho a chuva com olhos sonhadores.
Eu te leio, como o Vitor disse, porque às vezes é como se lesse a mim mesma. Egoísmo por egoísmo, me redescubro quando me leio, me renovo quando te leio. Obrigada por escrever.
Com carinho,
Conto Paulistano.
Você me fez um bem enorme com esse comentário, Sel... Obrigada infinitamente, obrigada por ser tão gentil 💕
ExcluirMuito pertinente seu comentário, Selma. Adorei!
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