ao novo lar que é si mesmo
quando a reforma não foi planejada
mas dada de mão beijada
— e não por um programa de auditório
(que bate na porta às três da tarde
com a multidão gritando aêêê)
mas por aquilo que,
sorrindo,
o pedreiro chamou Destino.
Então foi isso, Destino.
Assim atino
quando me admiro de dentro pra fora
a olhar essa parede nova
que ainda cheira a tinta
e que dá até medo de tocar
— vai que meus dedos
deixam marcas
e o Destino
vem me visitar
e olha o tamanho do estrago
e pensa, desesperado,
Por que é que eu perco tempo
agradando essa menina
e começa a quebrar a parede
marretada após marretada
(Por quê? Por quê? Por quê?)
e eu do lado embasbacada
olhando sem fazer nada
o Destino acabar comigo
ao destruir-me o abrigo.
Enfim.
É melhor não deixar marcas.
É melhor tomar cuidado com o piso novo também.
É melhor parar de tropeçar
nesse sofá
que me colocaram no meio da sala de ser-estar.
É melhor me acostumar
que tudo esteja tão mudado
graças ao presente que me foi dado
e ao presente que já é passado.
Mas, ah...
É um processo lento o adaptar-se!
Você é incrível!
ResponderExcluirNunca imaginei ler um poema tão claro, sincero e quase palpável sobre renascer. Autoconhecimento. Saber o que se é e o que se precisa ser. Tão bonito, Lari... O processo é lento, mas quem tá com pressa? A gente quer é chegar.
Um beijo grande.
Ah, você que é ♡♡
ExcluirMuito obrigada, Jaya!
A pressa só atrapalha um processo que, por si só, já é confuso. Como você disse, chegar (e chegar bem) é o que importa.
Outro pra ti, e uma semana linda!
Viver é perenemente autoadaptar-se.
ResponderExcluirGK
Resumiu muitíssimo bem!
ExcluirPassei por grandes mudanças em minha vida, este poema me fez recordar com nostalgia o sentimento de tudo desmoronar e se reconstruir a minha volta. Amei.
ResponderExcluirlua-de-carmim.blogspot.com
Obrigada ♡
ExcluirA reconstrução, por vezes dolorida, não deixa de, no fim das contas, ser sempre bonita!
Abraços ♡♡
Adaptar-se não é nada além de bagunçar um pouco o cômodo <3
ResponderExcluirEssa definição <3 <3
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