sufocaram
sentimentos em muda.
Caminhando ao poente,
vejo os cadáveres tênues
apodrecendo tensos
e dizendo
Desculpe-nos
por ainda estarmos aqui.
Logo nos decomporemos por completo,
adubaremos seu peito
para que se componham versos.
Ouço os lamentos fantasmagóricos
como quem ouve a Terra girar sobre o próprio eixo,
como quem ouve o farfalhar das nuvens
e as montanhas quando se deitam para descansar.
Ouço como se ouve tudo
o que não se ouve
— porque não há.

Mas sinto os brotos dos versos
quando chego em casa;
cumpre-se a promessa dos fantasmas.
4 Comentários
Linda é muito sábia poesia, beijos
ResponderExcluirMuito obrigada, Ives!
ExcluirBeijos, e uma ótima semana para você ♡
Mas e se os mortos falassem?!
ResponderExcluirDá até medo de saber o que nos contariam...
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