Não tem mais a mesma graça
ver o rosto espelhado
na esfera natalina
(em seguida afastá-lo
aproximá-lo
afastá-lo
– o nariz alarga e afina,
alarga e afina).
Nem tem mais a mesma graça
de quando menina
pendurar as esferas na árvore
ou montar a árvore
ou sequer tirar a árvore
da caixa empoeirada
de cima do armário
mas penso, profunda e comigo:
da infância restou o açúcar
que sempre fica
no prato dos figos.
(Ainda que,
quando criança,
eu não comesse figo.)