Os assuntos mágicos me agradam
como qualquer um
que não me exija certezas
ou atitudes imediatas.
Gosto de inventar nuvens,
enxergar-lhes formas conhecidas
e fingir que não as conheço quando,
timidamente,
atravesso a rua.
Nunca fiz sentido,
mas já me acostumei
à altura dos arranha-céus
(ainda que prefira
as nuvens que invento).
Se eu o ver rua,
talvez eu sorria,
talvez eu pare,
talvez eu conte uma história verossímil
que leve à compreensão mútua.
Mas não sei fingir intimidades
que se perdem
e sigo de consciência limpa...
O resto é a sombra
de nuvens alheias.